Memória
Breve percurso histórico do DCP e do PPGCP-UFMG
O mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi o primeiro do gênero criado no Brasil. Mais especificamente, no dia seis de dezembro de 1965, por meio da Resolução 11/1965, foi criado o Departamento de Ciência Política da UFMG com a finalidade expressa de “(...) ministrar cursos destinados à obtenção do grau de Mestre e Doutor e a realizar pesquisas nos setores de Ciência Política e nos das Ciências que lhes sejam especialmente correlatas (...)”'.
Resolução 11/65
A participação da Fundação Ford foi essencial para a criação do DCP-UFMG, ao contemplar UFMG com recursos da ordem de 600 mil dólares, destinados ao desenvolvimento do campo Ciência Política. Após a criação do Departamento, o apoio da Fundação Ford se desdobrou em financiamento de docentes visitantes, na montagem de programa de bolsas para estudantes brasileiros no exterior, em apoio à pesquisa, na aquisição de livros, entre outros.
Carta de Widdicombe-Ford para o reitor-UFMG
Dez dias depois da criação do Departamento, em dezesseis de dezembro, os seguintes professores se encontraram, mediante convocação do Reitor, para a formação de uma lista tríplice, que foi constituída após 3 escrutínios, destinada à escolha do primeiro diretor do DCP-UFMG:
- Gerson de Brito Melo Boson
- Orlando Magalhães Carvalho
- Júlio Barbosa
- Morse de Belem Teixeira
- Antônio Octávio Cintra
- Tocary de Assis Bastos
- Fábio Wanderley Reis
- Ronald Braga
- José Clóvis Machado
No dia 4 de janeiro de 1966, Orlando de Carvalho, professor da Faculdade de Direito, foi o indicado como primeiro chefe do Departamento de Ciência Política da UFMG, .
Primeira Chefia do DCP
Em 1966 as atividades do Departamento voltaram-se para a montagem da instituição, que ficou sediada no 7º andar da Reitoria, localizada no Campus Pampulha.
Nos primeiros meses de 1966 houve intensa troca de cartas entre representante da Fundação Ford, Peter Bell; professores de Stanford University, como Robert A. Packenham e Gabriel Almond; e Frank Bonilla, do Massachusetts Institute of Technology, para a vinda desses professores com o objetivo de selecionar bolsistas para o doutorado em universidades estadunidenses. Trata-se da construção de programa de bolsas que a Fundação Ford subsidiaria e que, nos anos seguintes, formaria importante quadro de profissionais com pós-graduação em Ciência Política.
Carta Ford 1966
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Frank Bonilla |
O DCP-UFMG também promoveu neste ano junto com a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade e com o Center de International Affairs, da Universidade de Harvard, o “Seminário Internacional de Desenvolvimento Político”. O evento foi realizado no auditório da Reitoria e contou com a participação de estudantes e professores de universidades brasileiras e estrangeiras.
No segundo semestre, uma série de chamadas foram publicadas nos jornais de circulação regional e nacional com o objetivo de realizar a seleção da primeira turma do Mestrado que se iniciaria, efetivamente, em 1967.
Clipping com divulgação da seleção
Nos primeiros anos de funcionamento do DCP-UFMG, dado que não havia doutores formados em Ciência Política, a estratégia usada foi enviar os jovens sociólogos ligados à fundação do novo departamento para cursar o doutorado fora do Brasil. Bem como trazer professores visitantes estrangeiros e docentes de outras unidades da própria UFMG para lecionar no Mestrado.
Em 1968 foi criado o
Banco de Dados para estados brasileiros, uma empreitada de fôlego que produziria dados diretamente ligados aos interesses do Departamento. O projeto tinha como finalidade obter conjunto sistematizado de informações sobre o Brasil, desdobrado para estados e municípios.
Em 1969 iniciou-se o processo de credenciamento do Mestrado nos órgãos federais competentes, com o registro do Programa na CAPES.
As quatro primeiras defesas das então denominadas “Teses de Mestrado” aconteceram em 1970. Foram titulados os seguintes discentes: Magda Prates Coelho, Malori José Pompermayer, Benicio Viero Schmidt e Evelina Peixoto Dagnino, nesta ordem. Na ocasião, estiveram presentes na defesa, além dos alunos e professores do Programa, os jovens Fernando Henrique Cardoso e Carlos Estevam Pinto, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Este Centro, recém criado em 1969, também com o apoio decisivo da Fundação Ford.
Ata de Defesa de Mestrado Magda Prates Coelho |
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Ata de Defesa de Mestrado Malori José Pompermayer
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Ata de Defesa de Mestrado Benicio Viero Schmidt |
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Ata de Defesa de Mestrado Evelina Peixoto Dagnino
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Em outubro de 1970 foi estabelecido o Colegiado de Coordenação Didática do curso de Pós-graduação de Ciência Política, composto por Antônio Octávio Cintra, José Murilo de Carvalho, José Clovis Machado e Leônidas Prates Lafetá e, no dia quinze desse mês o órgão reuniu-se “(...) a fim de se instalar oficialmente”. O primeiro Colegiado estruturou o curso, as regras de seleção, linhas de pesquisa, dentre outros assuntos. No final de 1970 o DCP já tinha suas próprias instâncias de direção e coordenação, que funcionavam de forma integrada aos seus correlatos da Universidade.
Ata de fundação do Colegiado
Ata de estruturação do Mestrado (clique para baixar)
No catálogo do Mestrado de 1971/72 foram divulgadas as cinco áreas de concentração definidas pelo Colegiado em 1970. Foram elas: i. Análise Política: Teoria e Métodos; ii. Política Brasileira; iii. Política Comparada; iv. Política Internacional e v. Formação e Análise de Políticas. O Catálogo também divulgou os nomes do corpo docente, além das disciplinas, estrutura do curso e informações sobre o Banco de Dados de 1968.
Catálogo 1971/72
O processo de credenciamento iniciado em 1969 só foi concluído em 1973. Tratou-se de processo lento e que demandou atuação do Departamento em frentes administrativas e acadêmicas. Nesse período, o Governo Federal implantou novas regras para a pós-graduação nacional com o objetivo de modernizar o sistema nacional de ensino superior. Assim, o DCP-UFMG, para conseguir o credenciamento do seu Mestrado, deveria responder satisfatoriamente aos critérios recém-estabelecidos. Depois de idas e vindas, em 1973 saiu a publicação do credenciamento do DCP-UFMG como centro de excelência na área. Status que, dali em diante, garantiria ao Departamento apoio regular dos órgãos federais voltados para a pós-graduação.
Radiograma com notícia do credenciamento |
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Publicação do Diário Oficial |
Em março de 1974 foi lançado o primeiro número do Cadernos DCP, com o objetivo de publicar trabalhos dos professores e alunos do DCP. A primeira edição contou com artigos de Fábio Wanderley Reis, Antônio Octávio Cintra, Leônidas Prates Lafetá e José Murilo de Carvalho.
Cadernos do DCP - Clique em um caderno para detalhes
Em 1976 foi criado o Programa de Estudos Comparativos Latino-americanos (PECLA), que promoveu a abertura de novas frentes de pesquisa, bem como a contratação de professores especialistas.
Importante destacar que o DCP nasceu e consolidou-se durante a ditadura militar e não ficou imune às investidas autoritárias do regime. De modo que no transcurso da década de 1970 as seguintes atividades do Departamento passaram por averiguação de órgãos integrados ao sistema de informações: seminário científico, projeto de pesquisa, antecedentes de professores e a conduta de alunos do Departamento.
A Capes iniciou em 1976 nova forma de avaliação dos cursos de pós-graduação. Depois de 1995 a CAPES deixou de avaliar cursos e passou a avaliar Programas. Atualmente é considerado um centro de excelência. Para ver como o PPGCP foi avaliado no tempo, consultar:
http://www.ppgcp.fafich.ufmg.br/avalcapes.php
Em 1994, a partir de ação interdepartamental, foi criado o Doutorado em Ciências Humanas: Sociologia e Política. Tratava-se programa de pós-graduação em que os departamentos de Ciência Política, Antropologia e Sociologia atuavam conjuntamente. E em 2005 foi criado o Doutorado em Ciência Política do DCP-UFMG e, a partir de então, o Departamento passou a fornecer regulamente os cursos de mestrado e doutorado na área.
Em relação à atuação na graduação, além de ser um dos responsáveis pela sustentação do curso de Ciências Sociais e de ofertar disciplinas em outros cursos, em 2009, o DCP foi proponente e principal ofertante das disciplinas para o curso presencial de Gestão Pública. O curso resultou da adesão do Departamento ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades (Reuni). Desde então ele é ofertado no período noturno, tem duas entradas anuais e suas disciplinas são ministradas por professores dos departamentos de Ciência Política, Economia e Sociologia.
Passado mais de cinquenta anos de sua criação, o DCP se consolidou como referência nacional no ensino e pesquisa, contribuindo de forma decisiva para a produção e para o debate no campo da Ciência Política no Brasil. O Programa de Pós Graduação em Ciência Política alcançou e mantem nível de excelência na avaliação da Capes, impactando publicações na área, principalmente na produção de livros e artigos em periódicos qualificados. As cinco linhas de pesquisa refletem sua capacidade de renovação, sem prejuízo de áreas já consolidadas. O Departamento destaca-se também por sua inserção em redes internacionais, possuindo quatorze centros e núcleos envolvidos com pesquisa e extensão.
Responsáveis pelo conteúdo
Lidiany Silva Barbosa é graduada em História pela UFOP, mestrado em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (2004) e doutorado em História Social, linha de concentração Sociedade e Economia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011). Realizou pós-doutorado na Escola de Ciência da Informação (ECI-UFMG), concluído em 2018 e pós-doutorado no PPGCP-UFMG (2019-2020).
Contato:
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Natália G. D. Sátyro (Coordenadora PPGCP-UFMG: 2018-2020)